terça-feira, 19 de abril de 2011

A MULHER E O MERCADO DE TRABALHO

Guerda Rachor
Por: Guerda Rachor
Todo ser humano procura um trabalho ou emprego produtivo, com boa remuneração e, se possível, sem qualquer forma de discriminação. No entanto, quando é uma mulher almejando ingressar no mercado de trabalho, esta busca pode ser bastante difícil e longe de atingir patamares satisfatórios.
Até o século passado os movimentos revolucionários eram formados e chefiados por homens, que se mobilizavam por melhorias nos seus direitos e condições de trabalho. As mulheres ficavam privadas de levar uma vida laboral que não estivesse relacionada aos cuidados do lar, filhos e marido. Estas tarefas nem eram consideradas trabalho, pois não estavam relacionadas a exigências com deslocamentos e cumprimento de horários, muito menos de salários.
Em virtude da submissão e também do comportamento machista, onde a idéia de provedor cabia ao homem, a mulher sempre foi subjugada e reprimida em seu direito de falar e ouvir, pois desde os primórdios da humanidade civilizada incutiu-se nos indivíduos que a mulher havia sido criada e educada para ser servil ao universo masculino.
Mudar comportamentos e culturas cultivadas durante séculos não ocorre de uma hora para outra. É um caminho longo e árduo, que requer mudanças de valores e posicionamentos.
Alguns fatos na história mundial foram importantes marcos para que estas mudanças começassem a ocorrer, pois a mulher era a mão de obra disponível na época.
Desde então, as mulheres se preparam para atuar em todos os níveis do mercado de trabalho, mas mesmo assim elas se depararam com as barreiras culturais do preconceito e discriminação estabelecidas pela humanidade durante muito tempo.
A inclusão da mulher neste novo papel social – o trabalho remunerado e reconhecido – ainda é fortemente marcado pelo posicionamento de uma sociedade patriarcal e pela soma de funções, mas não pela substituição da mesma. Ao entrar para o mercado de trabalho, a mulher não conseguiu se desvencilhar ou diminuir suas atribuições domésticas.
Gradativamente, mas com muito sacrifício, elas estão galgando seu espaço no mercado de trabalho, e vendo serem reconhecidas suas capacidades. Ainda que, mais lentamente do que o desejado, as mulheres são tidas como agregadoras de valores nos ambientes organizacionais por suas habilidades naturais, tais como motivação, capacidade de trabalhar em grupo, administrar conflitos e lidar com recursos escassos.
Posto isto, também é possível perceber uma mudança no posicionamento institucional relativo a mão de obra feminina. As organizações estão investindo em programas de desenvolvimento, valorização e na equidade entre os gêneros.
Não há dúvida que as mulheres conseguiram grandes avanços nos últimos anos em quase todas as áreas - educação, direitos civis e políticos, oportunidades de carreira, etc., mas os conflitos entre a vida pessoal e profissional ainda são enormes.
Mesmo com tantos sacrifícios e a reconhecida evolução feminina na sociedade atual, elas ainda pagam um preço bem alto por esta condição.
As mulheres ainda continuam em grande desvantagem em relação aos homens no universo corporativo, a remuneração feminina é cerca de 30% menor que a masculina. A dificuldade em reverter esta situação deve-se ao estigma do patriarcalismo, muito presente nos costumes da população latina, que enfatiza a importância da mulher ser primeiro boa mãe, esposa, e no final da lista, boa executiva.
Muito se tem pesquisado sobre os motivos e fatores que levam a esta considerável diferença na remuneração de homens e mulheres.
Os resultados apresentados apontam para os seguintes motivos:
Família – As mulheres têm mais tendência a abandonar a carreira profissional para cuidar da família.
Discriminação – Ela existe e é comprovada por pesquisas sérias. Desde a ostensiva, como não promover uma mulher pelo simples fato de não ser homem, até os indícios de que mulheres com excesso de peso sofrem perda salarial maior que homens obesos.

 
"Mudar comportamentos e culturas cultivadas durante séculos,
não ocorre de uma hora para outra." - Guerda Rachor

Absenteísmo – Mulheres com menos de 45 anos tendem a faltar mais ao trabalho em ciclos de 28 dias, o que num conjunto de produtividade, responde por 14% das diferenças salariais entre homens e mulheres.
Além destes motivos, os economistas envolvidos nestas pesquisas concluíram que apesar da discriminação impactar em menores salários para as mulheres, revelou também que a ambição, ou a falta dela, seja a maior causa.
Por fim, os economistas terminam com um experimento incontestável, que alta remuneração simplesmente não é tão importante para as mulheres quanto para os homens.
Considerando a evolução e mudança de posicionamentos da sociedade, na luta das mulheres por um mercado de trabalho equitativo, ainda se fazem necessários muitos avanços, sejam de ordem institucional ou gestores públicos. Requer, principalmente, uma grande reflexão sobre os problemas apontados e a vontade de mudar.
Eu penso que as mudanças fundamentais começarão dentro de casa. Uma mudança de postura por parte dos homens em relação às suas companheiras, que também estão aptas à desempenhar as mesmas funções. No entanto, ainda tem cabido às mulheres fazer as renúncias no mercado de trabalho quando entram em pauta a formação de uma família.
Quando ocorrer este posicionamento, todo o resto corroborará para que esta transformação ocorra. Evidentemente que será um processo lento, mas os países mais desenvolvidos já atingem patamares bem mais evoluídos dos que ocorrem nos países latinos.