Dilma: Um governo inerte e mergulhado em escândalos de corrupção |
3. O desembolso do BNDES para a Indústria em 2011 foi reduzido a menos da metade de 2010. O déficit em conta corrente subiu para quase 55 bilhões de dólares e as projeções do Banco Central para 2012 são de 65 bilhões de dólares, ou 3,5% do PIB, um dado semelhante a países europeus em crise. O PIB em 2011 não crescerá 3% e nos últimos meses o crescimento foi nulo. Para 2012, logo após a presidente oferecer números otimistas, o próprio Banco Central reduziu para números mais realistas.
4. No entanto, o impacto progressivo da crise europeia, com refluxo do crédito e retorno de capitais, leva 2012, na melhor hipótese, para o mesmo crescimento de 2011. O patamar inflacionário com que se trabalhou em 2011, no entorno de 7%, será mitigado pela própria recessão. Mas se o ano eleitoral levar a um novo açodamento keynesiano, nem isso se conseguirá. E uma incerteza adicional vem com a bolha chinesa de crédito e o arrefecimento da taxa de crescimento que, de uma ou outra maneira, afetará o crescimento das exportações brasileiras. A associação dos exportadores projeta, em 2012, um superávit comercial de apenas 3 bilhões de dólares. A crise internacional já se faz presente por aqui.
5. A combinação de uma base parlamentar de 17 partidos, com o maior deles -o PT- com apenas 16,7% dos deputados e a inexperiência da presidente em matéria parlamentar, já que nunca sequer foi vereadora, levou a uma parálise na tomada de decisões. A heterogeneidade da base aliada -da direita à esquerda- garante a aprovação da rotina, mas inviabiliza qualquer mudança nas direções imaginadas pelo PT e Dilma. Os escândalos com a saída de 6 ministros e com a desintegração da autoridade de um sétimo, exatamente o mais próximo da presidente, acentuou esta crise na capacidade de governar.
6. As avaliações das funções de governo são negativas e Dilma -ainda- escapa por passar, junto à imprensa, a imagem de que está longe disso tudo e que é apenas herança de Lula, a quem lealmente não desgasta. A expectativa da volta de Lula em 2014 mantinha a base aliada (expandida por um novo partido). Independente de que supere sua doença, como vem sendo noticiado, a possibilidade de ser candidato em 2014 fica eliminada.
7. O ano de eleições municipais de 2012 acirrará os ânimos na medida em que não se pode repetir, em nível municipal, a base em nível federal. E como se sabe (Jairo Nicolau-IUPERJ), a correlação efetiva está entre a eleição de vereadores e -dois anos depois- de deputados federais, o que acentua os conflitos internos na base aliada. No correr do ano de 2012 ficarão claras as chances de vitória das oposições, que ficarão mais aguerridas, mais retóricas e a base aliada ainda mais fluida. 8. E se o voluntarismo prevalecer em 2012, não será mais um ano perdido, mas um governo perdido.
Senador José Agripino – Presidente nacional do Democratas.