quarta-feira, 24 de julho de 2013

O PT nunca teve um Plano de Governo

Bateu o desespero no governo e a caixa das “sandices” foi aberta

Onyx Lorenzoni
Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
Constituinte, plebiscito, uma reforma política que as ruas não pediram, MP dos médicos. Está a pleno funcionamento a fábrica de factóides e de medidas emergenciais casuístas e de afogadilho.
Falta rumo. O governo Dilma apostava que aquele cenário favorável que o Brasil teve durante o governo lula se manteria eternamente. Todos aqueles que alertavam foram taxados de  pessimistas, de ressentidos, de pessoas que desejavam o pior para o país para que fosse o pior para o governo. Mais uma vez uma visão simplista e superficial.
A fartura que o Brasil teve durante os governos Lula permitiram a ele que implementasse a política do “Sim”, do “tudo pode”, da “caixinha de bondades”. Qualquer queixa, qualquer protesto era atendido. Foi  um governo que deu aos pobres com o bolsa família e que deu aos ricos como “nunca antes na história desse país”. Gastou fortunas em propaganda e manteve setores da imprensa satisfeitos e “tolerantes”. Apesar disso tudo, alguns seguiam repetindo os avisos: “As coisas estão tomando um rumo perigoso”. “O governo tem de gastar menos e tem que gastar melhor”.
A própria leitura do que aconteceu na Europa não serviu de lição. Os governos de diferentes nuances ideológicas enfrentaram o mesmo problema. Quando os Estados Unidos entraram na crise que eles mesmo criaram, a fonte secou em todo mundo. O efeito cascata começou. Com menos dinheiro circulando o modelo de proteções sociais (dependente da fartura) ruiu. Tirar benefícios concedidos causa forte reação popular. Não é a toa  que a França tirou um liberal e colocou um socialista e que a Espanha fez o contrário. Quem estava no governo pagou com seu mandato.
Aqui o resultado está sendo o mesmo. A fartura sumiu. Mas não sumiu por causa da crise internacional. A fartura sumiu por causa da incompetência na gestão; por causa do descontrole dos gastos; pelo esbanjamento; pelo medidas populistas; por um PAC que apenas acelerou as despesas e por obras que, além de superfaturadas, não são concluídas como a transposição do Rio São Francisco.
Os exemplos da incompetência e do desperdício são incontáveis. É essa falta de gestão que está afundando o país. A prosperidade foi sucateada por conta de absurdos como 39 ministérios;  como estádios superfaturados em locais sem tradição no futebol (Brasília, Manaus e Cuiabá); por conta de comitivas presidenciais que ocupam 52 quartos para assistir a missa inaugural do papa Francisco em Roma. A fartura se perdeu em perdoar 717 milhões de dólares das dividas que países africanos tinham com o Brasil; em ver nossas refinarias encampadas por nossos “amigos” sulamericanos e não reagir; no absurdo de ser o único país do mundo a conseguir fazer uma empresa petroleira afundar; no absurdo de ver o BNDES emprestar 10 billhões de reais ao senhor Eike Batista, que dá forte sinais que não conseguirá pagar.
Como disse os exemplos são infindáveis. Eles são a prova cabal de que estamos em um governo que esbanja nosso dinheiro e que não consegue executar nem mesmo o que estava programado, licitado e com dinheiro disponível.
É, por fim, um governo que desfavorece a produção e que dá as costas ao setor rural. Justamente aquele que tem impedido que o crescimento do Brasil desabe totalmente.
É triste, é lamentável, é vergonhoso. As oportunidades que perdemos provavelmente não se repetirão brevemente. Agora até mesmo a China, nosso maior parceiro comercial, tem crescimento menor. A conclusão governista é que se a China cresce menos então o baixo crescimento do Brasil se explica. O resultado disso no mundo concreto (que não se entrega ao populismo e a propaganda de governo) é que a China deverá comprar menos nossos produtos agrícolas e isso terá impacto justamente no setor que mantém algum crescimento no nosso país.
A oposição disse inúmeras vezes que os governos do PT não tinham um projeto de governo, tinham apenas um plano de poder. Isso está mais claro do que nunca. O resumo disso tudo pode ser descrito na frase do filosofo grego Seneca: Quando se navega sem destino, nenhum vento e favorável. Estamos navegando sem rumo e com risco de naufragar.
Por: Onyx Lorenzoni - deputado federal DEM-RS